segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Eu, Edcarlos Pankararu













Eu mudei pra São Paulo em 1981 quando tinha 2 anos de idade porque tinha sofrido um acidente com arma de fogo.
A cidade oferece um atendimento “melhor” à saúde, do que tínhamos a disposição na aldeia, onde a saúde é totalmente sucateada.
Minha mãe entrou em contato com o meu pai, o qual já estava trabalhando em São Paulo, para avisá-lo sobre o acidente, daí então viajamos para São Paulo.
Embora com a grande luta de resistência do nosso povo Pankararu na Aldeia Brejo dos Padres, a situação em referência ao atendimento melhorou muito hoje em dia.
Cresci no agitamento da cidade, onde estudei e onde estou trabalhando sem esquecer dos nossos costumes tradicionais.
Temos que obter os conhecimentos bons dos “brancos”, e deixar os que eles têm de ruim pra eles mesmo.
Hoje moramos na periferia desta selva de pedra, mas isso não nos impede de executar nossos rituais, por mais que sejamos diferentes, embora a sociedade tem que apreender que precisamos conhecer o diferente para saber lidar com ele e não julgá-lo.
Não tinha muitas recordações quando criança da Aldeia, então resolvi viajar pra lá no ano passado para colocar minhas recordações em dia e rever meus parentes. Tinha em mente que eu passaria um mês, mas como a aldeia é contagiante, acabei ficando 6 (seis) meses, e já estou com saudades de lá.
Mas quem vive na cidade não pode ficar parado, pois a sociedade nos impõe que temos que estar trabalhando, estudando e acompanhando o ritmo do mundo moderno, para não sermos engolidos pelo mundo globalizado e tecnológico.
Esses são alguns motivos os quais levaram jovens da etnia Pankararu, a participar da oficina de criação do BLOG que os alunos da Faculdade Metodista estão oferecendo.
Com essa tecnologia dos “brancos”, vamos puder trocar informações com todos nossos parentes e amigos e simpatizantes dos pankararu.
A vantagem de morar na cidade é que as oportunidades são melhores do que temos a disposição na aldeia, como por exemplo, o estudo e trabalho. Se for para morar na Aldeia até que eu iria, mas não sei se resistiria, pois não saberei lidar com a agricultura a não ser se trabalhar em cargos diferenciados como escritórios, hospitais, entidades e etc.
Estarei sempre visitando minha querida aldeia sempre que estiver de férias, pois nunca esquecemos do nosso hábitat natural de origem.

Edcarlos Pereira do Nascimento

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